Dia: 16 de abril de 2010

Dilma vê ‘campanha insidiosa’ e nega ‘ação armada’

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BLOG DO JOSIAS
Dilma vê ‘campanha insidiosa’ e nega ‘ação armada’
Fora do ministério, candidata diz sentir ‘saudade’ de Lula
O que me consola é que ele sente muita saudade minha’
Afirma ter aprendido com  ex-chefe a lidar com eleitores
‘Sou boa aluna. Ando com ele pelo país há 7 anos e meio’
Avoca para si um pedaço da  popularidade do  presidente
‘Nesses 76% tem  meu trabalho,  uma parte eu contribuí’ 

Wilson Dias/ABr
 

Dilma Rousseff expõe sua candidatura na vitrine que a projetou para a política, o Rio Grande do Sul. 
Dedicou as primeiras horas da incursão gaúcha a um compromisso familiar que ajuda a suavizar-lhe a imagem. 
Acompanhou a filha, Paula, grávida de quatro meses, numa ecografia. Enxergou o vulto de Gabriel, o neto que vai nascer um mês antes da eleição. 
Depois, foi ao microblog. Agradeceu o presente que recebera no jantar da véspera, em São Paulo
“Ana Maria Braga, minha filha adorou o boneco do Louro José. O bebê, que acabei de ver na ecografia, te agradece”. 
Almoçou com empresários, na federação das indústrias do Estado. Para atenuar a fama de estatizante, disse que jamais lhe passou pela cabeça “destituir o setor privado”.

 Concedeu uma entrevista a empesas de comunicação do grupo RBS. Referindo-se a um dossiê que despeja na internet dados não comprovados de seu passado guerrilheiro, disse estar sendo vítima de “campanha insidiosa”. 

Vão abaixo trechos da entrevista, cuja íntegra pode ser lida aqui e aqui

–Circula na web dossiê que lhe atribui assaltos a bancos e atos de terrorismo no regime militar. Sente-se preparada para a campanha eleitoral? Ninguém participa de governo sem aprender a conviver com críticas, deturpações e difamações. Há uma campanha insidiosa porque as pessoas pouco lembram daquela época. […] Não tive nenhuma ação armada. Se tivesse ação armada, não teria recebido condenação de dois anos. Cumpri três anos de cadeia, mas fui condenada a dois.
–Quem estaria por trás dessa campanha? Acho que as reações são de setores inconformados com a abertura democrática e que acham que uma pessoa que esteve presa […], durante todo o período da ditadura, não pode ser hoje vitoriosa.
–Adversários levantam dúvidas sobre o que seria o seu governo em matéria de liberdade de expressão. Qual é o seu compromisso? Adversário só não fala que a gente é bonita, o resto tudo fala. Eu sei o que é viver na ditadura, e sei a pior parte dela. Não acho que faz bem para nenhuma geração o que a minha passou…
–Como a senhora pretende reverter no RS os índices desfavoráveis?  Nós Começamos agora. Pesquisa retrata o momento. […] Todo mundo que sentou na cadeira antes se danou.
–Acha possível subir nos palanques de Tarso Genro e José Fogaça? Não vou trabalhar hipótese, até porque não é prudente. Quando a gente tiver feito aliança nacional [PT-PMDB], eu posso responder isso… 

a não causar problema.
–Trabalha com a possibilidade de ter o PMDB gaúcho todo a seu lado? […] Acredito que a grande maioria do PMDB fica conosco.
–Já consegue fazer com naturalidade o que o presidente faz, como entrar na casa dos eleitores? Perfeitamente, sou uma boa aluna. Nessa relação com ele, tenho anos de praia. Ando pelo Brasil afora com ele há sete anos e meio… 

– O presidente tem dado conselhos sobre a campanha? Graças a Deus, dá. O presidente é uma pessoa experiente. Temos uma longa caminhada juntos, a nossa relação é de quem priva da intimidade… 

– Sente falta da preseença de Lula nas viagens? Sempre falo que tenho muita saudade dele. O que me consola é que acho que ele também tem muita saudade minha. Porque convivíamos o dia inteiro.
– Acha que o eleitorado sente diferença com a ausência do presidente? Andei por esse país afora sozinha quantas vezes? O pessoal está inventando. Ser governo e decidir todo dia é muito difícil. Eu cuidei do PAC, de R$ 636 bilhões, da execução, tinha de discutir isso do Oiapoque ao Chuí. O presidente ia para um lado e eu, para o outro.
– Até que ponto a popularidade de Lula pode resultar em votos? Se pode resultar em votos para alguém, imagino que seja para mim. Por quê? Porque entrei no Ministério de Minas e Energia, depois fui para Casa Civil, participei de cada um desses programas. Eles têm meu esforço pessoal. […] Então posso reivindicar a continuidade do governo Lula. O povo não acredita em promessa, acredita que quem faz pode fazer mais. Podemos fazer mais, porque fizemos. […] Tem meu trabalho nisso, eu me sinto absolutamente legitimada para achar que nesses 76% [de aprovação de Lula] tem uma parte que eu contribuí.
– O PMDB se encaminha pra indicar Michel Temer para vice. Qual é a sua relação com o deputado? Tenho uma ótima relação com Michel Temer, respeito bastante o deputado, acho ele uma pessoa talentosa, bom articulador político, excelente presidente da Câmara, uma pessoa tranquila, não aposta no conflito, trabalha no acordo e no consenso. […] Considero o Michel Temer uma pessoa de qualidades excepcionais.

Brasil e Irã podem firmar parceria para a troca de tecnologia no setor de gás

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Brasil e Irã podem firmar parceria para a troca de tecnologia no setor de gás

Renata Giraldi*
Enviada Especial

Beirute (Líbano) – As relações entre o Brasil e o Irã podem se estreitar ainda mais no campo econômico para a troca de tecnologia na área de gás natural. Dono da segunda maior reserva de gás natural do mundo, estimada em 23 trilhões de metros cúbicos, o Irã fica atrás apenas da Rússia. O objetivo é aprender com os iranianos as formas de exploração, de transporte e de distribuição mais viáveis para a produção.

A Rússia, que detém a maior reserva de gás natural do mundo, reúne 44 trilhões de metros cúbicos nas suas terras. A América do Sul, como um todo, com concentrações na Bolívia e Venezuela, tem pouco mais de 11 trilhões de metros cúbicos nas suas reservas. Nesse cenário, as atenções se voltam para o Irã.

“Os iranianos são muito desenvolvidos, detêm imensa reserva e sabem como fazer para evitar desperdícios e gastos desnecessários na etapa do transporte, por exemplo. E isso nos interessa demais”, disse o gerente de Projetos da Secretaria de Inovação do Ministério  do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Rafael Moreira. “Fiquei muito bem impressionado com o que vi no Irã. Eles conhecem o setor e sabem lidar com ele.”

Ao passar pelo Irã, com a comitiva empresarial liderada pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, Moreira conheceu as várias etapas de atividades da empresa estatal do Irã – a Iranian Gas Company – e conversou com diretores e técnicos. Segundo ele, a ideia é elaborar um relatório detalhado, a ser apresentado à  Petrobras e demais empresas do setor, para a avaliação de um possível acordo de cooperação.

“A parceria pode ser interessante para que as empresas levem o conhecimento do que se faz no Irã para os novos leilões”, disse Moreira. “A forma como o Irã atua na área de gás natural permite que o país produza de seis a oito vezes mais do que se tem no Brasil, por exemplo”, acrescentou.

Apesar de deter a segunda maior reserva mundial, o Irã sofre com as restrições econômicas impostas pelos países alinhados aos Estados Unidos. Os principais parceiros comerciais dos iranianos são a China e a Índia. Por essa razão, há expectativa de que um eventual acordo com o Irã seja bem-sucedido.

*A repórter e o fotógrafo viajaram a convite do Ministério  do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Edição: Graça Adjuto

Empresários brasileiros veem o Líbano como porta de entrada para países do Oriente Médio e África

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Beirute-Líbano

Empresários brasileiros veem o Líbano como porta de entrada para países do Oriente Médio e África
Renata Giraldi*
Enviada Especial

Beirute (Líbano) – A última etapa da missão empresarial, coordenada pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, acaba hoje (16) em Beirute, no Líbano. Para a maioria dos empresários, o país representa a porta de entrada para várias regiões do Oriente Médio e da África, nos setores de energia e construção civil. Apesar de ter um mercado interno pequeno, o empresariado controla setores específicos.

“Na minha área, é fundamental estar aqui porque os libaneses abrem as portas para a região. Eles têm uma infraestrutura invejável, detêm o conhecimento e, na maioria dos casos, o controle absoluto de alguns setores”, disse Roberto Coelho, da Usiminas.

“No meu caso, o interesse está focado no setor de telecomunicações. Os libaneses são os responsáveis por essa área no que diz respeito aos geradores e às torres de celular”, afirmou Vinícius Poit, da Poit Energia SA.
 
O Líbano já chegou a ser conhecido como a Suíça do oriente. O país teve uma das economias mais desenvolvidas da Ásia Ocidental. Porém, os conflitos armados internos e externos e o último deles, em 2006, com Israel afetaram de forma acentuada os cofres públicos e privados libaneses. O governo atua para estimular a estabilidade política e econômica do país e atrair investimentos estrangeiros.

Os libaneses se interessam principalmente pela compra de carne bovina, de bois e vacas vivos, café em grãos e carne de frango. Em exportações, o Líbano ocupa a 55ª posição entre os mercados de destino. Na importação, o Líbano se posicionou em 120º lugar.

O empresário Vinícius Leone, da Leone Equipamentos e Máquinas, disse estar entusiasmado com as perspectivas no Líbano. Segundo ele, seu foco são os postos de combustíveis, e o país têm investidores externos e internos expressivos. “As expectativas são as melhores possíveis porque há operadores mundiais atuando aqui e isso facilita muito para nós”, disse.

Para o empresário Murilo Farias, da Eleva Brasil, que atua no ramo da construção civil, é fundamental ampliar as relações com os libaneses porque eles são os responsáveis pelo setor em que ele trabalha em várias regiões, como o Senegal. “Não se resolve nada no Senegal, sem a autorização dos libaneses. Então é importante estar aqui, ver como eles trabalham, o que podemos fazer juntos para avançar”, disse.

A viagem dos empresários começou no último domingo (11) no Irã. Eles seguiram depois para o Egito e concluem hoje no Líbano.

*A repórter e o fotógrafo viajaram a convite do Ministério  do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Edição: Graça Adjuto
Brasil tem a maior colônia libanesa no mundo
Renata Giraldi*
Enviada Especial

Beirute (Líbano) – De 7 a 8 milhões de brasileiros são de origem libanesa, a maior colônia no mundo, o que faz o Líbano guardar a memória afetiva de muitos dos que estão no Brasil. Um deles é o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, que é neto de fenícios – os primeiros habitantes do que hoje é o Líbano e responsáveis pelo desenvolvimento do comércio marítimo. Nos eventos públicos, ele é chamado de  “libanês” e tratado por “primo” pelos demais.

“Tive uma surpresa muito agradável aqui. Descobriram a minha família em uma vila no interior do Líbano. Você pode imaginar o que é isso? Fiquei emocionado. Tive uma aula sobre os fenícios e agora entendo a natureza verdadeira do mercador”, disse Miguel Jorge, que brinca com os libaneses afirmando que se “sente em casa” quando está no país deles.

Para o embaixador do Brasil no Líbano, Paulo Fontoura, os dois países têm muito mais em comum do que se imagina. “Os libaneses são alegres, amistosos e simpáticos. Ao saber que há um vizinho novo na redondeza, batem na porta para perguntar se precisa de alguma coisa. Na escola, o aluno novo logo é integrado, e as outras crianças tentam criar um ambiente agradável para ele. Esse é o Líbano”, disse o diplomata.

Com forte influência europeia, o Líbano, dos três países visitados pela comitiva brasileira de 86 empresários, é o que demonstra mais proximidade com o ocidente. Nas ruas de Beirute, há uma mistura maior de costumes muçulmanos e de outras religiões. Mulheres sem véu e de saia acima dos joelhos não são tão observadas.

Muitos brasileiros de origem libanesa mantêm o coração e os pés nos dois países. Exemplos disso são os empresários Ali Ahmed Saifi e Mohamed Hussein El Zoghbi. Os dois trabalham com carne halal (palavra árabe que significa permitido, autorizado) – cujo processo de produção e abate seguem o rigor das normas muçulmanas – e passam parte do tempo entre São Paulo e Beirute.

“Tenho casa em Beirute, uma linda e agradável cidade. Acho que uma das mais bonitas que conheço”, disse Zoghbi. “Mas sou meio brasileiro e meio libanês. Não dá para escolher”, disse ele, que fala árabe e português sem sotaque.

Em 2009, as exportações brasileiras para o Líbano acumularam US$ 285,2 milhões, o que representou crescimento de 13,6% em relação ao ano anterior. As vendas externas para o país totalizaram US$ 251,1 milhões. As importações brasileiras do Líbano, em 2009, tiveram queda de 97,5%, passando de US$ 53,5 milhões para US$ 1,3 milhão.

O Líbano mantém relações políticas e comerciais estreitas com vários países, como a França, Alemanha, e os Estados Unidos. Apesar das dificuldades causadas pelos inúmeros conflitos, o país tem um dos mais elevados padrões de vida da região.

O Líbano é o último país a ser visitado pela comitiva empresarial, liderada pelo ministro Jorge. O grupo já foi ao Irã e ao Egito.

*A repórter e o fotógrafo viajaram a convite do Ministério  do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Edição: Graça Adjuto